Era admiração, admiração, muita admiração que ela sentia por ele. O conhecia a pouco mais de um mês, mas a admiração foi à primeira vista.
Admirava sua retidão, seus gostos, seu olhar febril, seu casamento, sua frieza, seu racionalismo. E Sempre ouvia com muita atenção tudo que saia de sua boca. Anotava, não esquecia , aplicava, se embriagava.
Com o mundo ela tinha muita rebeldia, mas com ele era passiva. Assistia, obedecia, disciplina. Algo a fazia se dobrar. Amor? (Não estamos e não vamos falar de amor nesse texto). Devia ser a tal da admiração e o medo de contrariar.
Mas mesmo com essa intensidade o contato era pouco, muito camuflado, controlado, agendado. Só que ela era feliz, tinha seu mito acessível por de baixo dos panos. Ele, eu já não sei.
Um dia eles saíram de suas zonas de camuflagens. Ela ganhou carta branca pra se aproximar. Mas tinha dúvida, pois já era muito feliz na condição de só admirar... Resolveu arriscar! GRANDE ERRO! Um mito existe apenas para ser cultuado, e nunca pra ser conhecido, decifrado. Por que se não eles se tornam banais, defeituosos, humanos...
TARDE DEMAIS... Agora ela já o conhece bem, bem de perto. Foi decepção a primeira vista. Já não é mais feliz com seu mito por cima dos lençóis embaralhados. Ele, eu já não sei.
Jéssica Mouzinho